Um projeto da comunidade 

A iniciativa

Em 2021, a lamentável história do assassinato de Raissa da Silva Cabreira projetou nacionalmente a grave situação de miséria e abandono vivida por parte das famílias das Aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados-MS. O governo federal fez uma audiência pública com os povos indígenas no município, ocasião na qual o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos propôs o Projeto Cuidar, que já vinha sendo executado em municípios brasileiros onde se verificava altos índices de abuso e maus tratos às crianças. As lideranças indígenas indicaram a UFGD como órgão público com credibilidade para atuar nas aldeias. Apontando para a especificidade da questão indígena no recorte local, uma equipe de servidores da UFGD aceitou a proposta desde que, ao invés de simplesmente replicar o Projeto Cuidar nacional, fosse possível criar uma dinâmica própria junto à comunidade indígena de Dourados. Assim nasceu o "nosso" Projeto Cuidar, um projeto de extensão da Universidade Federal da Grande Dourados, executado com recursos do atual Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, e com apoio do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul campus Dourados (IFMS), e da Prefeitura Municipal de Dourados. 

Ação de Saúde Preventiva realizada em maio de 2023

Construção coletiva

Nos primeiros seis meses de trabalho, a equipe do projeto realizou visitas e rodas de conversa com equipes de saúde, de assistência social, das escolas e lideranças das aldeias. Todos atores sociais da Reserva Indígena de Dourados apontavam que a questão da violência e do abuso de álcool e drogas tem múltiplos fatores e, por isso, deve ser abordada de forma multidisciplinar.

Os indígenas reivindicaram que o projeto atuasse não só produzindo materiais e campanhas contra álcool e drogas, mas que contribuísse com produção de alimentos, geração de renda, resgate e valorização da cultura tradicional, capacitação de lideranças e servidores públicos, valorização e diálogo com crianças e jovens, promoção de saúde e bem-estar. A partir das solicitações e sugestões da população da Reserva, o plano de ação foi construído no segundo semestre de 2022 e as ações começaram a ser executadas em 2023.